Quando eu saí da academia, com destino a minha casa, percebi que estava chovendo muito, o que me surpreendeu. Fui correndo para a porta do elevador, tomei um quase escorregão. Sabe quando você começa a escorregar, mas consegue se manter em pé, mesmo que fique alguns segundos sofríveis balançando como um boneco de posto. Pois então, foi assim. E se não fosse motivo suficiente para ficar envergonhado, percebo que as crianças apontam para mim, rindo. Ahhh...crianças...porque elas tem que crescerɁ Porque não continuam para sempre bebês.
Após este momento, fui ao elevador, ainda me alongando, tentando imaginar que horas são e sonhando com um balde de açaí. Quando abro a porta do elevador, reparo que está uma ventania monstruosa dentro da minha casa. Lembrei que estava chovendo muito, logo imaginei que deixaram uma janela aberta. Pergunto para meu irmãozinho se ele estava sozinho em casa, ele responde dizendo que todos estavam em casa. Então questionei a ele sobre o vento, ele disse que vinha da sala de tv. Quando vou para lá, lembro-me do momento bíblico que descreve como o dilúvio acabou com a Terra. A sala estava tooooda molhada. O carperte que sempre foi bege clarinho, estava em um tom marrom escuro, de tão molhado. Já o sofá de couro, brilhava de tanta água. Fui correndo fechar a janela, enquanto afundava meu pé naquelas poças improvisadas no meio da sala.
Meu irmãozinho fica olhando para a minha cara, e me questiona sobre a minha calma e tranquilidade. Respondi com simplicidade a ele, dizendo que quando você não tem culpa de algo, não há com o que se preocupar. Ele apenas disse “Ah tá...”. Pedi para ele chamar a minha mãe, enquanto fui buscar uns panos e toalhas para secar a sala. É quando eu olho para o sofá, bem no cantinho, vejo algo preto brilhando. Me aproximo aflito e com o coração na mão, pois imagino o que seria este objeto, mas me aproximo para ter certeza. Quando confirmo que o objeto que está em cima do sofá, completamente encharcado, é o que eu imaginava, uma lágrima salta aos meus olhos, quase não consigo respirar. Permaneço com a boca fechada, pois gritar não levaria à solução. Era o meu notebook que estava nadando naquela imensidão marrom/bege.
Resgatei o notebook como um soldado resgata uma criança dos escombros de uma casa no Haiti. Sequei ele todinho, com o cuidado de um cirurgião, enquanto imaginava de quem seria a culpa. Após seco e limpo, levei-o ao quarto, e lá o deixei. Estava com medo de ligá-lo, não me atreveria a tanto após um susto tão grande. Fiz um lanche, liguei o rádio, e sentei na minha cama, ao lado do notebook, como se fosse um pai que aguarda ao lado do leito de seu filho, enquanto o médico não vem dizer o diagnóstico. Mantive minha mente ocupada durante algumas horas, e então resolvi ligá-lo, com muita apreensão. Enfim, ele ligou! Aleluia, Deus é maior. No início o mouse não estava funcionando, mas aparentemente era mais por burrice minha do que pela água...era só apertar um botãozinho.
O que aprendi sobre tudo istoɁ Aprendi que precisamos estar prontos para qualquer tipo de surpresa, além de servir de exemplo para os menores. Meu irmão comentou com minha irmã que eu sou uma pessoa calma. =)
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