quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

"O Rio de Janeiro continua lindo." Não p/ mim!

Acabei de chegar de viagem, fui ao Rio de Janeiro para tirar meu visto no consulado americano. Isto, pois o consulado de São Paulo não tinha mais disponibilidade neste ano. Eu pensei que seria uma idéia interessante, já que não estou trabalhando (ainda), mas não foi bem assim.

Comecei a desconfiar da segurança da viagem quando fui verificar onde era o Consulado. Wow! Centrãozão! Bom, até aí, eu fui criado na rua, e como diz o Boça: "Quando tem que ser maloqueiro, eu sou". Minha mãe fez a reserva em um hotel para mim, dizendo que era muito próximo ao Consulado. Deste jeito, fui eu na quarta-feira para a rodoviária do Tietê para embarcar no ônibus que ia para o Rio de Janeiro.

O ônibus era tranquilo, deu para aproveitar a viagem na ida, e quando estava chegando no Rio, comecei a conversar com uma senhora ao meu lado que estava voltando para casa depois de passar um tempo na casa dos parentes em São Paulo. Ela ia me falando como o Rio era maravilhoso e como os pauslitas exageravam quando falavam da violência. Enquanto isso, eu olhava pela janela e ria com uma frase no muro que dizia "Halloween é Satanismo", o que me trouxe a mente a célebre frase "Vudu é pra Jacu". Outra coisa que me chamava a atenção na entrada do Rio eram as imensas propagandas de baile funk e pagode. Uma das que eu mais vi foi a "Sururu na Roda". MEDO!

Quando cheguei na rodoviária do Rio, fui atrás de um taxi para o Hotel, que era muito perto de onde eu estava. É quando vem a primeira figura, a mulher do taxi: meio gorda, de mais ou menos 1m60, mastigando um chiclete com muita dedicação...ela olha pra mim e diz "Vai pra onde muléki?". Indignado com a falta de educação da mulher, respondi sem nenhuma reação, pois não pretendia morrer ali na rodoviária. A mulher olha pra mim com uma cara do tipo "Esse é Paulixxta...vai pagarrr maixx" e diz "É 25 real!". Ok...tive que me impor...não ia dar uma de palhaço, mas o que eu não sabia é que rolava uma mega máfia do taxi ali, e logo, eu estava sendo xingado por umas 6 pessoas, incluindo um tiozão de uns dois metros de altura que gritava "Se é paulisxta tem dinheiro!".

Resolvi ir pegar um taxi do lado de fora da estação, quando vi um ônibus parado do lado de fora, perguntei ao motorista se ele passaria próximo da rua que eu tinha que ir, foi quando surgiu uma das pessoas mais caricatas que eu já conheci na minha vida: O PIJAMA. Enquanto eu questionava o motorista, surge um senhor de uns 40 anos, que eu diria que estava fantasiado de malandro. Ele grita de dentro do ônibus "O que??? Entra aííí rapaixxx!".

Entrei no ônibus e ele começou a conversar comigo, eu tinha que me controlar para não gargalhar. Ele falava muito alto, quando não gritava. Sente só o diálogo dele comigo:

PIJAMA: Aí léki...esses taxixtax são tudo uns putox! Eu sou muito maix vir aqui no arr condicionado...currtindo as menininhaxx pela janela....HAHAHAHA (risada tipo a do Mun-Rá).
EU: Pois é...só porque eu sou paulista eles queriam me passar a perna!
PIJAMA: Também léki...você chega falando Puta meeeeuuuu....poraaa bixooow HAHAHA (Mun-Rá outra vez)
PIJAMA: "A parada é a seguiiinte...vou te deixar na bica do hotel cerrto? Só não dá uma de paulixta porque eu odeio."
EU: Firmeza (Rindo e sem saber o que seria "dar uma de paulista")

Durante este passeio de ônibus ele foi me falando como ele odiava o FHC e como eu era um "boxta" por não gostar do Lula. Me xingava quando eu não concordava com ele, e me elogiava gritando, quando eu dizia algo que lhe agradava. Eu só ria...e muito! Em um certo momento, ele tava falando mal do FHC, e um rapaz que tava no banco da frente o recriminou com a cabeça. Vixiii...pra que...o Pijama já gritou "E se tivé algum viado que discorde, que balance a cabeça!".

Desci do ônibus com um sorriso no rosto e com as coordenadas e o cartão de visitas do PIJAMA. Logo que me deparei com o lugar onde eu estava, tirei o sorriso do rosto, pois eu seria o único feliz naquele lugar. Era tenso! Mais pelo fato de eu não conhecer o lugar, mas mesmo assim, fui caminhando em direção a rua do hotel. Era uma ladeira muito grande, fui descendo ela, quando chego no final, me vejo cercado por uns 3 ou 4 morros de favela, mas fiquei tranquilo, pois o PIJAMA já tinha me alertado "O carioca tá acoxtumado às favelax. Ele sabe onde extão os morrox. Então relaxa nego". Desta forma, fui andando como se conhecesse o local, e como se eu achasse normal estar rolando um baile funk as 6h da tarde.

Cheguei no hotel! Caminhei uns 15 minutos, mas tava tudo certinho. Graças a Deus, mesmo com vários imprevistos, eu tinha chegado no hotel sorrindo e com vida.

Logo na entrada do hotel, tinha um daqueles ônibus de banda de forró, onde aparece uma dançarina, um dj e um guitarrista, todos muito mal vestidos. Já imaginei quem seriam os meu vizinhos de quarto. Entrei no hotel, peguei minha chave e subi para guardar as coisas. O quarto não era ruim, pra quem gosta de dormir em um caixão. Era grande, mas dava sensação de ser apertado. Tudo era feito de madeira, o espelho parecia estar enferrujado, a pia, o vaso e o bide eram marrons e as paredes do banheiro eram amareladas com um toque de marrom. Até aí...não liguei. Estava com muita fome, resolvi descer para comer algo. O que foi muito difícil, pois eu não queria de jeito nenhum me perder em alguns lugares que tinham por ali. Achei uma padaria Uno e Due e dei graças a Deus.

Olhei pra dentro, vi que tinha umas senhoras de social em uma mesa conversando, imaginei "Aqui deve ser um lugar mais tranquilo". Fui até o balcão, pedi uns lanches para viagem e fiquei esperando. Reparo que as senhoras da mesa me olham e comentam sobre mim. Não dei bola e fiquei esperando meu lanche. Quando estou pagando para a menina do caixa, sinto que as senhoras estão dando tchau para o dono do local e olhando para mim, é quando percebo que a voz delas é mais grossa do que a do Cid Moreira. Ok...eram senhoras com "algo a mais"!

Peguei meus lanches e fui em direção ao hotel, afinal, não era aquele Rio de Janeiro que eu queria conhecer. Passei ainda em um bazarzinho, e comprei un salgadinhos e doces pra levar pro apartamento. Fiquei o final da tarde e a noite no hotel, mesmo porque tinha que acordar muito cedo no outro dia.

Acordei, fui ao consulado americano, tudo foi muito rápido e tranquilo. Em menos de 1 hora eu já estava fora do consulado, com visto concedido e tudo mais. Enquanto pensava o que eu faria, pois minha viagem de volta estava marcada para as 14h30, vejo um rato passando na minha frente, fazendo um guarda musculoso de 2 metros de altura pular como a Priscila, a rainha do deserto. Decidi ir logo para a rodoviária, onde pedi o adiamento da passagem. Voltei para São Paulo, são e salvo, com o visto garantido e rindo muito de tudo que tinha acontecido.

Ainda vou postar algumas coisas clássicas que vi por lá...mas primeiro quero curtir o trânsito e a poluição da minha cidade querida. I S2 SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário