quinta-feira, 25 de março de 2010

A Batalha do Moicano

Vindo ao trabalho hoje, escutei algo interessante na rádio. Uma escola particular proibiu que um aluno com o cabelo estilo moicano participasse das aulas. O motivo alegado é que o cabelo era muito extravagante. Quando chego ao trabalho, vou verificar na internet para saber qual escola é esta, e para a minha supresa, é o Colégio Adventista. Quando fiquei sabendo, um sorriso veio ao meu rosto, meus olhos brilharam e até comecei a rir sozinho. Eu vou explicar o porque.

Eu estudei por cinco anos, da 8ª série até o 3º colegial, em duas unidades do Colégio Adventista. Foram cinco anos, pois repeti o 1º colegial! =) E durante este tempo que passei por lá, travei batalhas homéricas referentes ao meu estilo, principalmente ao do cabelo.

1º round: Brinco na orelha (Como tudo começou)
Logo na oitava série, coloquei um brinco na orelha. Quando eu estava entrando na escola, o Tio Zé, porteiro do colégio, apontou para a minha orelha e disse que eu teria que tirar o brinco. Passei por ele sorrindo, brincando, imaginando que aquilo era uma piada. Quando foi no intervalo, o diretor me chama para conversar e diz que eu terei que retirar o brinco. Eu perguntei o porque, e ele simplesmente disse que não podia. Argumentei por mais alguns minutos, mas não teve jeito, tive que tirar. Assim que saí da sala dele, coloquei de volta. E foi assim, durante 1 mês, o diretor me chamava quase que diariamente para a sala dele para que eu tirasse o brinco de novo, e eu mantinha o protocolo, argumentava, tirava o brinco e, assim que saía da sala, colocava de novo. Alguma hora eles desistiram de me convencer e de me dar advertências, que a minha mãe nunca viu. Depois de 2 meses, metade dos moleques do colégio usavam pelo menos um brinco! Há!

2º round: Cabelo Loiro (A saga do cabelo)
Um dia resolvi pintar o cabelo de loiro. Hoje quando vejo alguma foto, me arrependo do fundo do meu coro cabeludo. Mas, naquela época, eu achei bem loko! Chegando segunda-feira na escola, lá vem o Tio Zé apontando para o meu cabelo, daí eu fiquei meio irritado: "O cabelo é meu Tio Zé, não posso pintar do jeito que eu quiser?" Não foi desse jeito rimado que eu disse, mas essa foi a intenção. Da mesma forma que com o brinco, entrei na escola, rindo da situação, mas preocupado com o que poderia acontecer. No intervalo de uma das aulas: "Lá vem o diretor, cheio de paixão! Me ferrar! Me ferrar! Me ferrar!". Tive que acompanhá-lo até a sala dele, ouvir um sermão do tipo "Você só quer aparecer". Ouvi, disse o que pensava e fui mandado de volta para a sala de aula. Mas senti que a escola estava de olho em mim: os professores, orientadores e monitores viviam falando mal do meu cabelo na frente dos outros alunos. Eu rebatia, mas eles continuaram me recriminando por algum tempo.

3º round: Cabelo azul (Um por outro, e outro por um)
Me sentindo recriminado demais, pensava se deveria pintar o meu cabelo novamente. Eu não era um cluber, mas gostava de fazer coisas diferentes. Pensei comigo, quer saber, vou pintar de azul. Não era aquele azuuuul, era azulado. Quando cheguei na escola, vejo o Tio Zé, com a maior cara de espantado, olhando ao meu cabelo, e fazendo não com o dedo "Não vai entrar assim". Eu fingi que não tinha ouvido e comecei a entrar, quando ele segurou no meu braço e disse "Não, vai pra diretoria". Bom, só para explicar, eu era muito inconsequente naquela época. Quando ele segurou no meu braço, empurrei ele e puxei o meu braço, e ele me segurou novamente, e começamos a travar um duelo para ver quem ficava com o meu braço. Ele ganhou! Fui à diretoria, tomei um chá de cadeira, imagino que para eu me sentir tenso. Mas o melhor (pra mim) e o pior (pra escola) aconteceu, um graande amigo meu, e parceiro de advertências e confusões, aparece na mesma sala que eu, porque tinha chegado atrasado pela décima vez naquele mês. Era o César. Começamos a conversar e um ia alimentado o ódio pela escola ao outro.


Quando o diretor chegou, estávamos anestesiados e prontos para levar às últimas consequências. Tomamos uma bronca coletiva, o diretor começou a falar como nós éramos péssimos exemplos aos outros alunos e que não queríamos saber de estudar, só de confusão. Desceu a lenha no meu cabelo, e blá blá blá...e pediu para que eu pintasse o meu cabelo de preto. Então eu perguntei "Eu posso pintar de preto, mas não de azul? Por que?". Mesmo tendo entendido o que ele tinha falado, mantive este raciocínio do "Preto pode, mas azul não?". Saí da sala dele, junto ao César, com uma advertência no caderno e a liberdade nas mãos.

4º round: Moicano (O Último dos Moicanos?)
Nos deparamos com alguns momentos difíceis em nossas vidas. Momentos de tensão, ansiedade, medo, expectativas. Foi assim, numa sexta-feira, quando estava caminhando rumo ao colégio, com um corte de cabelo moicano. Eu sabia que estava pisando em ovos. Chego ao portão, e lá está o bom e velho Tio Zé. Fiquei esperando o que ele diria, mas não disse nada, apenas deu um olhar de repovação. Entrei, me sentindo o campeão. Entrei na sala, todo mundo comentou, aquele dia passou e tudo correu bem. No próxima dia de aula, uma segunda-feira, eu estava sentado com alguns amigos no canto da quadra, trocando idéia e falando besteira, quando o monitor me chama e pede para eu acompanhá-lo. Percebo que estou indo à sala do diretor. Já imaginava o que aconteceria, então, estava tranquilo. Entrei, sentei, o diretor estava escrevendo algo, eu fiquei lá, quieto. Ele pára de escrever, olha pra mim balançando a cabeça em reprovação e diz "Thiago, esta é uma carta aos seus pais. Estou convocando eles para virem até a escola. Você está sendo convidado a se retirar". Senti como se uma bola de demolição tivesse colidido com o meu estômago. Percebi que tinha provocado mais do que eu podia. Ele me dispensou, saí da sala dele, andando com olhar de perdido. Cheguei na quadra, estava quase acabando o intervalo. Comentei com meus amigos, eles fizeram cara de espanto, mas mesmo assim, riram.


Sinal de saída, estou voltando para casa, acompanhado do César. Eu não sabia como passar a notícia para a minha mãe, fui raciocinando em voz alta e falando para meu amigo algumas idéias, e foi quando ele disse algo genial "Você é burro? Não conta pra ela!" Eu respondi "Você acha que eles não vão ligar pra ela?" e ele retrucou "Deixa ligar...ainda assim você terá mais chances de escapar". Pensei, achei meio louco, mas era a minha melhor opção.

Fiz isto, passaram uns 3 dias, e o diretor me encontrou na quadra e perguntou "Thiago, ainda não recebi o telefonema de seus pais". Eu respondi "Ah é? Que estranho". Ele desconfiado, replicou "Você os avisou, correto?" e eu respondi "Correto!". Ele foi embora, eu tava mega preocupado, mas meu amigo repetia "Relaxa". Naquele mesmo dia, eu reparei que mais um menino, de algumas séries abaixo da minha, havia feito um moicano também.


Passou mais ou menos uma semana, e o diretor me chamou à sala dele novamente, fui com o rabo entre as pernas. Assim que sentei, ele pegou o telefone na mão e disse "Thiago, me fala o telefone da sua casa". Eu falei e ele ligou. Minha mãe atendeu, ele começou a conversar com ela e explicar tudo que estava rolando. Terminou a conversa com ela, olhou pra mim e começou a me dar um mega sermão sobre o meu futuro. Ao terminar, disse que eu não precisava sair da escola, mas que os meus atos seriam vigiados. Eu acenei com a cabeça, levantei e fui embora.

5º round: A Vitória é de Todos
No dia seguinte, tava rolando uns jogos de futebol na quadra, eu estava esperando ao lado do professor de educação física para entrar no próximo, o diretor passou e parou para conversar com o professor. Ele pediu para o professor organizar melhor os alunos que estavam na torcida para não ficar muita bagunça. O professor respondeu que ia fazer isto, então o diretor olhou pra mim e brincou com o professor "E o Pica-Pau aí, vai jogar?" O professor riu e respondeu "Opa...vai sim". Foi então que eu resolvi abrir a mente daquele energúmeno:

Eu perguntei: "Diretor, você já reparou que já tem pelo menos umas 10 pessoas com cabelos pintados de cores extravagantes, brinco, piercing e até um moleque da 7ª série de moicano?"
Diretor respondeu: "Infelizmente sim".
Eu retruquei: "Tá vendo, isto não atrapalha a vida de ninguém...nem a sua, nem a minha, nem a da escola e nem a dos alunos".
Diretor explica: "O problema é desviar o foco Thiago. A escola é feita para estudar, não para se fantasiar."

Foi quando, em um momento mágico, chegou a esposa dele na escola, trazendo o filho de 5 ou 6 anos para visitar o pai. Quando eu olho para o moleque, adivinha....sim, o guri usava um moicano, ainda leve, não totalmente raspado dos lados, mas ainda um moicano. O diretor questionou o cabelo para a esposa e ela disse:

"Não estrague o prazer do menino, ele quis vir aqui só pra te mostrar o cabelo"

A GUERRA GANHA ESTÁ!

6 comentários:

  1. Polêmica! (Exclamação)
    Moicano: bom ou ruim?
    E o Palestraaa!!! (Exclamação)(Exclamação)(Exclamação)

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  2. Ah cara, tá certo mesmo. Tô na sétima série, estudo no Colégio Adventista. Sou japonesa, to sempre descolorindo o meu cabelo e indo de piercing.
    Mas quase todos os dias o diretor me chama e fala "Tem que pintar esse cabelo, tirar os BRINCOS e a maquiagem forte"
    Não sou emo, só diferente. Não é pra me mostrar. É que eu já fui pro Japão, conheci toda a cultura deles (que já sou japonesa então tinha uma noção), e quis ser assim também, pois achei o máximo. Virei então uma Vkeier.
    Só que eu não sei o porque de tanto nheco-nheco. Usar esmalte não mata ninguém, pintar o cabelo não te prejudica, nem maquiagem. Se causar problemas, vai ser pra mim, não pra eles.
    O diretor sempre me fala a mesma desculpa de que "é porque são as regras, não posso fazer nada"
    Sei.

    Gostei do seu blog, parabéns. o/

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  3. Ser autêntico é o que rola'
    Parabéns a você!

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  4. nossa maano, curti muito .. tipo eu vou cortar o cabelo hooje .. to com cabelinho jogado .. vou por moicano, mas na minha escola é permitido ..

    vlws ae , parabéns pela conquista!

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  5. diretor tomou no cu no final de tudo

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